terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Livro de Isaías – Estudo
Plano de leitura
Número total capítulos: 66
Total de versículos: 117
Tempo aproximado de leitura: 30min
O Livro de Isaías é um livro profético do Antigo Testamento, vem depois do livro Cântico dos Cânticos e antes do Livro de Jeremias. É uma peça central da literatura profética do VT, na Bíblia.1 2 Sua importância é refletida também no Novo Testamento, considerando-se que há mais de 400 referências diretas ao livro, feitas pelos evangelistas e apóstolos.
O forte caráter e ênfase messiânicos percebidos em toda a extensão do documento, muito provavelmente colaboraram para conceder ao livro tamanha proporção referencial entre os autores do Novo Testamento. Por causa disto também, Isaías recebeu o epíteto de "o quinto evangelista".
Em seus dias, Isaías viveu e narrou a tensão política e militar que o território de Israel experimentava, com eventos decorrentes principalmente de um panorama marcado por intensas e contínuas atividades bélicas e expansionistas que estavam sendo realizadas pela monarquia egípcia, ao sul, e pelos caldeus, ao Leste.
O início do ministério profético de Isaías situa-se em 754 A.C., coincidindo com 2 datas históricas precisas: a morte do Rei Uzias de Judá, e a fundação de Roma.
O livro que traz o nome de Isaías pode ser dividido em três grandes partes:6
Autor e data: Isaías 1:1 identifica o autor do Livro de Isaías como sendo o profeta Isaías.
Quando foi escrito: O Livro de Isaías foi escrito entre 701 e 681 AC.
Propósito: O profeta Isaías foi primeiramente chamado a profetizar ao Reino de Judá. Judá estava passando por tempos de reavivamento e tempos de rebeldia. Judá foi ameaçado de destruição pela Assíria e Egito, mas foi poupado por causa da misericórdia de Deus. Isaías proclamou uma mensagem de arrependimento do pecado e de expectativa esperançosa do livramento de Deus no futuro.
Versículos-chave: Isaías 6:8: “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.”
Isaías 7:14: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.”
Isaías 9:6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
Isaías 14:12-13: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte.”
Isaías 53:5-6: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.”
Isaías 65:25: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.”
Resumo: O Livro de Isaías revela o juízo e salvação de Deus. Deus é "santo, santo, santo" (Isaías 6:3) e, portanto, Ele não pode permitir a impunidade do pecado (Isaías 1:2; 2:11-20; 5:30; 34:1-2; 42:25). Isaías retrata o julgamento vindouro de Deus como um "fogo consumidor" (Isaías 1:31; 30:33).
Ao mesmo tempo, Isaías compreende que Deus é um Deus de misericórdia, graça e compaixão (Isaías 5:25; 11:16; 14:1-2, 32:2, 40:3, 41:14-16). A nação de Israel (Judá e Israel) é cega e surda aos mandamentos de Deus (Isaías 6:9-10, 42:7). Judá é comparado a uma vinha que deve ser, e será, pisoteada (Isaías 5:1-7). Só por causa de Sua misericórdia e promessas a Israel, Deus não permitirá que Israel e Judá sejam completamente destruídos. Ele vai trazer tanto a restauração e perdão quanto a cura (43:2, 43:16-19, 52:10-12).
Mais do que qualquer outro livro no Antigo Testamento, Isaías concentra-se na salvação que virá através do Messias. O Messias um dia governará com justiça e retidão (Isaías 9:7; 32:1). O reino do Messias trará paz e segurança a Israel (Isaías 11:6-9). Através do Messias, Israel será uma luz para todas as nações (Isaías 42:6; 55:4-5). O reino do Messias sobre a terra (Isaías capítulo 65-66) é o objetivo para o qual aponta o Livro de Isaías. É durante o reinado do Messias que a justiça de Deus será plenamente revelada para o mundo.
Em um aparente paradoxo, o Livro de Isaías também apresenta o Messias como aquele que vai sofrer. Isaías capítulo 53 descreve vividamente o Messias sofrendo pelo pecado. É através de Suas feridas que a cura é alcançada. É através de Seu sofrimento que as nossas iniquidades são removidas. Esta aparente contradição é resolvida na Pessoa de Jesus Cristo. Em Sua primeira vinda, Jesus foi o servo sofredor de Isaías capítulo 53. Em Sua segunda vinda, Jesus será o Príncipe da Paz e ocupará o Seu cargo de Rei (Isaías 9:6).
Prenúncios: Tal como afirmado acima, o capítulo 53 de Isaías descreve a vinda do Messias e o sofrimento que Ele iria suportar para pagar por nossos pecados. Em Sua soberania, Deus orquestrou todos os detalhes da crucificação para cumprir todas as profecias deste capítulo, assim como todas as outras profecias messiânicas do Antigo Testamento. As imagens do capítulo 53 são tristes e proféticas e são, ao mesmo tempo, um retrato completo do Evangelho. Jesus foi desprezado e rejeitado (v. 3, Lucas 13:34, João 1:10-11), ferido por Deus (v.4, Mateus 27:46) e perfurado pelas nossas transgressões (v. 5, João 19: 34, 1 Pedro 2:24). Por Seu sofrimento, Ele pagou o castigo que nós merecíamos e se tornou por nós o sacrifício supremo e perfeito (v. 5; Hebreus 10:10). Embora Ele não tenha pecado nunca, Deus colocou sobre Ele os nossos pecados para que assim pudéssemos nos tornar a justiça de Deus nEle (2 Coríntios 5:21).
Aplicação Prática: O Livro de Isaías nos apresenta o nosso Salvador em detalhe inegável. Ele é o único caminho para o céu, o único meio de obter a graça de Deus, o único Caminho, a única Verdade e a única Vida (João 14:6, Atos 4:12). Sabendo o preço que Cristo pagou por nós, como podemos ignorar ou rejeitar "tão grande salvação"? (Hebreus 2:3). Temos apenas uns poucos, breves anos na terra para vir a Cristo e aceitar a salvação que só Ele oferece. Não há uma segunda chance após a morte, e eternidade no inferno é muito, muito tempo.
Você conhece pessoas que se dizem crentes em Cristo mas que são duas caras, ou seja, hipócritas? Esse talvez seja o melhor resumo de como Isaías enxergava a nação de Israel. Israel tinha uma aparência de justiça, mas era uma fachada. No Livro de Isaías, o profeta Isaías desafia Israel a obedecer a Deus com todo o seu coração, não apenas no exterior. O desejo de Isaías era de que aqueles que ouvissem ou lessem as suas palavras tivessem a convicção de abandonar a iniquidade e voltar-se para Deus a fim de receber perdão e cura.
Primeiro Isaías
Os capítulos 1 a 39 contêm a mensagem do profeta chamado Isaías, cuja preocupação central é a santidade de Deus, ou seja, só Deus é absoluto. Em meio a grandes mudanças políticas internacionais, Isaías condena a aliança com as grandes potências, mostrando que a nação só será salva se permanecer fiel a Deus e ao seu projeto, no qual a justiça é o valor supremo. Assim, uma espiritualidade baseada na santidade de Deus conduz o profeta a uma fé política, que combate os ídolos presentes na sociedade. Ele fala também do Emanuel (7,14), no qual o Novo Testamento viu Jesus Cristo, que veio ao mundo para salvar o seu povo,6 mais especificamente, pode-se subdividir esta parte em quatro etapas cronológicas:3
os capítulos 1 a 5 têm como foco a corrupção moral que a prosperidade tinha provocado em Judá e refletem o período até a subida de Acaz ao trono em 736 AC;
no período seguinte o rei de Damasco: Rason e o rei do Reino de Israel Setentrional: Faceia chama o jovem Acaz a se aliar com eles contra o rei da Assíria: Tiglate-Pileser III, Acaz se alia à Assíria e é atacado;
Judá sob a tutela da Assíria, destruição do Reino de Israel Setentrional em 721 AC, Ezequias sucede Acaz em 716 AC, aliança com o Egito contra a Assíria;
revolta contra a Assíria, Senaqueribe arrasa a Palestina em 701 AC, Jerusalém resiste.
Mesmo essa primeira parte não pode ser atribuída inteiramente ao Isaías histórico: os oráculos contra as nações estrangeiras (caps. 13 e 23), incorporam trechos posteriores, em particular os caps. 13 e 14 que são do tempo do Exílio na Babilônia, também são de composição posterior o Apocalipse de Isaías (caps 24 a 27), que não é anterior ao séc. V AC, e os caps 33 a 39.7
Outra possível subdivisão destes primeiros 39 capítulos seria na forma do seguinte sumário:8
cap. 1 - Introdução ao conjunto do livro;
caps. 2 a 12 - Profecias sobre Israel e Judá;
caps. 13 a 23 - Profecias sobre as nações estrangeiras;
caps. 24 a 27 - Apocalipse de Isaías;
caps. 28 a 33 - Profecias de promessas e ameaças sobre Israel e Judá; (semelhante aos caps. 02 a 12);
caps. 34 a 35 - Outros fragmentos apocalípticos,que provavelmente foram escritos pelo Segundo Isaías, no tempo do Exílio na Babilônia;5
caps. 36 a 39 - Relatos sobre a atividade de Isaías no momento da campanha de Senaqueribe contra Jerusalém.
Contra a falsa religião
Na época de Isaías, as pessoas frequentavam o Templo, mas para o profeta isso não basta, pois encher o Templo com iniquidade e solenidade é um erro enorme (1:10-20), isso porque as pessoas que levam ofertas para Jeová são as mesmas que não se importam em fazer o direito (mishpât) funcionar, que não fazem justiça ao desprotegido órfão e à abandonada viúva. Isaías, em um dos textos proféticos mais violentos contra um culto que funciona só para mascarar as injustiças que se cometem no dia-a-dia, pede aos príncipes de Sodoma e ao povo de - na verdade, de Jerusalém - para ouvirem a palavra do Senhor:4
10 Escutem a palavra do Senhor, chefes de Sodoma; preste atenção ao ensinamento do nosso Deus, ó povo de Gomorra:
11 Que me interessa a quantidade dos seus sacrifícios? - diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos. Não gosto do sangue de bois, carneiros e cabritos.
12 Quando vocês vêm à minha presença e pisam meus átrios, quem exige algo da mão de vocês?
13 Parem de trazer ofertas inúteis. O incenso é coisa nojenta para mim; luas novas, sábados, assembléias… não suporto injustiça junto com solenidade. (1:10-13).
16 Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal,
17 aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva. (1:16-17)
Crítica à injustiça social
O profeta denuncia o comportamento dos ricos e latifundiários, dos que vivem em grandes festas custeadas pelo trabalho dos pobres, dos que exploram o povo negando-lhe a justiça e dos que se fazem grandes e importantes vivendo em grandes banquetes (5:8-24).
Ai daqueles que juntam casa com casa e emendam campo a campo, até que não sobre mais espaço e sejam os únicos a habitarem no meio do país. (5:8)
Nesse aspecto destaca-se sua semelhança com o profeta Amós, até porque eles são quase contemporâneos: Amós é de 760 AC e Isaías inicia sua atividade em 740 AC. A problemática social era a mesma para ambos, embora Amós fosse um camponês e Isaías um homem culto ligado à corte, ambos atacam os grupos dominantes da sociedade: autoridades, magistrados, latifundiários, políticos.
Isaías é duro e irônico com as damas da classe alta de Jerusalém (3:16-24), assim como Amós o fora com as madames de Samaria em Am 4:1-3, além disso Isaías defende, com paixão, órfãos, viúvas, oprimidos, o povo explorado e desgovernado pelos governantes, denuncia igualmente a máscara da religião que encobre a injustiça (1:10-20), do mesmo modo que Amós em (2:6-16), (4:4-5) e 5:21-27.4
Época de Acaz
Nessa época ocorreu uma grande crise política e militar em Judá, provocada pela crescente ameaça do Império Assírio e pelos muitos erros do governo de Judá. Era o tempo da política expansionista do rei Tiglate-Pileser III, iniciada em 745 AC, que implicava numa grave ameaça para os pequenos reinos da região. Israel Setentrional, Damasco e outros da região tornaram-se tributários da Assíria. Golpes de Estado em Israel, alianças contra ou a favor da Assíria faziam parte da política internacional da época.4
Facéia, um rei golpista , de Israel, fez uma aliança com o Damasco e ambos decidiram invadir Judá, derrubar Acaz e colocar um estrangeiro em seu lugar, para usar o reino do sul numa coalizão militar contra a Assíria, trata-se da Guerra Siro-efraimita, iniciada em 734 AC. Acaz pede o auxílio da Assíria e Tiglate-Pileser III tomou Damasco e 3/4 de Israel, restando apenas a Samaria que, posteriormente (em 722 AC), foi tomada pelas tropas assírias de Salmanasar V e de Sargão II.4
Como preço pelo auxílio da Assíria, Judá perdeu sua independência, Acaz viu-se obrigado a reconhecer os deuses assírios como seus libertadores e a prestar-lhes culto, apresentar-se a Tiglate-Pileser III para prestar-lhe obediência e pagar pesados tributos, o que resultou num aumento os impostos pagos pelo povo, aumentando as injustiças que antes já eram denunciadas por Isaías. Nesse contexto, a religião oficial procurava encobrir os problemas com grandes festas.4
Esperança em Ezequias
Alguns teólogos denominam a parte do Livro de Isaías compreendida entre o início do cap. 7 até o sexto vers. do cap. 12 (7:1-12:6) como Livro do Emanuel (7:14), estima-se que essa parte da obra foi escrita e, portanto, deve ser interpretada no contexto da Guerra Siro-efraimita e da conseqüente dependência da Assíria. São seis capítulos organizados pelo redator do livro de Isaías em torno de três temas:4
os sinais, como o do menino que vai nascer (7:14-15);
o binômio invasão/libertação, que aparece em vários textos;
o significado de nomes próprios.
O início do cap. 7 (7:1-17), revela a esperança do profeta em Ezequias. É um texto que deve ser lido considerando-se a existência de dois blocos distintos:4
O primeiro bloco (7:1-9), relata o encontro de Isaías com Acaz, às vésperas da Guerra Siro-efraimita, em 734 ou 733 AC. Quando os reis de Damasco e de Samaria planejam invadir Judá para depor Acaz e no seu lugar colocar um rei não-davídico - o filho de Tabeel - que envolveria o país na coalizão contra o Império Assírio, Isaías vai ao encontro de Acaz, que está cuidando das defesas de Jerusalém.
O segundo bloco (7:10-17) relata novo encontro de Isaías com Acaz, desta vez, talvez, no palácio, no qual o profeta oferece ao rei um sinal de que tudo se arranjará diante da ameaça siro-efraimita. Com a recusa do rei em pedir um sinal a Jeová, Isaías muda de tom e relata a Acaz que Jeová, por própria iniciativa, dar-lhe-á um sinal, que consiste no seguinte: a jovem mulher dará à luz um filho, seu nome será Emanuel (Deus-conosco) e ele comerá coalhada e mel até que chegue ao uso da razão.
É razoável concluir que a jovem mulher seja jovem rainha, mãe de Ezequias, considerando-se que Isaías falou a Acaz nos primeiros meses de 733 AC, e Ezequias teria nascido no inverno de 733-32 AC.
Isaías volta a falar de Ezequias no início do cap. 9 (8:23b-9:6), pois este início de capítulo deve compreendido em conjunto com o final do cap. 8, no qual menciona as três regiões de Israel conquistadas entre 734 e 732 AC por [Tiglate-Pileser III]], que são: Zabulão (caminho do mar), Neftali (o além-Jordão) e a Galileia (o território das nações). Isaías fala destas regiões para despertar a esperança: Jeová, que humilhou estas terras, as cobrirá de glória. E o povo, que vivia nas trevas e na tristeza, viverá na luz e na alegria. Uma alegria enorme, que é causada pelo fim da opressão (o jugo, a canga e o bastão do opressor foram quebrados), pelo fim da guerra (a bota e o uniforme militar foram queimados) e, principalmente, pelo nascimento de um menino em Judá.
Este menino é um personagem da casa real, de acordo com os quatro títulos que lhe são atribuídos em 9:5, títulos que parecem ser características sobre-humanas e messiânicas, mas que podem caber bem aos reis, segundo a mentalidade da época: a sabedoria do rei na administração (Conselheiro), sua capacidade militar (Deus-forte), zelo pela prosperidade do povo (Pai), preocupação com a felicidade do povo (Príncipe-da-paz), além disso 9:6 esclarece que este menino é da "casa de David" e caracteriza suas ações: governará com direito e justiça, e, por isso, deve tratar-se de Ezequias.4
Isaías volta a referir-se a Ezequias no início do cap. 11 (11:1-9), pois o ponto de referência do profeta continua sendo um rei da época, descendente de David, que salvaria o país da catástrofe. O texto fala de um personagem régio (11:1), de suas qualidades (11:2), de sua atuação (11:3b-5), da instauração de uma nova realidade (11:6-8) para concluir que então haverá em Israel conhecimento de Javé.
Este personagem esperado, fiel a Jeová, vai instaurar um reino de justiça e paz, onde o pobre e o oprimido serão protegidos contra a prepotência dos poderosos. Justiça e paz que são simbolizadas, no poema, pela convivência harmoniosa de animais selvagens e domésticos. A identificação deste personagem da família davídica é problemática. Alguns acreditam que o poema trata da utopia profética de Isaías por ocasião da coroação de Ezequias como rei em 716 ou 715 AC. Outros defendem que se Ezequias fora o objeto da esperança de Isaías de tirar o país da crise, como aparece em 7:1-17 e 8:23b-9:6, agora, decepcionado com sua política pró-egípcia que acaba provocando a invasão do assírio Senaqueribe, pensa em alguém que no futuro possa resgatar Israel.
Ezequias tomou posse como rei em 716 a.C. ou 715 a.C., após a morte de seu pai Acaz, e aproveitou a pouca vigilância assíria para fazer uma reforma em Judá. Foi uma reforma religiosa, social e econômica, na qual defendeu os artesãos dos exploradores, com a criação de associações profissionais, retirou do Templo de Jerusalém os símbolos idolátricos e construiu um novo bairro em Jerusalém, para abrigar os refugiados de Israel. Entretanto, em 701 a.C. Senaqueribe destruiu 46 cidades fortificadas de Judá e sitiou Jerusalém.4
Segundo Isaías
Os capítulos 40 a 55 foram escritos por profeta anônimo, comumente chamado Segundo Isaías ou Dêutero Isaías, que iniciou a pregação após 550 AC, no final da época do Exílio na Babilônia, quando ocorriam as primeiras vitórias de Ciro II,7 apresentando uma mensagem de esperança e consolação. O fim do exílio, de sete semanas de anos (587AC - 538AC),9 é visto como um novo êxodo e, como no primeiro, Jeová será o condutor e a garantia dessa nova libertação. O povo de Deus convertido, mas oprimido, é denominado Servo de Jeová, ou o próprio Segundo Isaías segundo outra interpretação.10 O Novo Testamento, a partir de uma interpretação do judaísmo messiânico, atribui esse título a Jesus, o justo que sofreu e morreu para nos libertar. A comunidade, depois de convertida e libertada, se tornará missionária, luz para que as nações se voltem para o verdadeiro Deus.6
O Segundo Isaías, pode ser subdividido em duas partes:9
Caps. 40-48 - Queda da Babilônia, libertação por Ciro II;
Caps. 49-55 - Restauração de Sião, insistência no universalismo da salvação.
Servo de Deus - o Segundo Isaías emprega a palavra servo dezenove vezes no sentido de Servo de Deus, em catorze casos, este servo recebe como nome próprio: Israel ou Jacó, como forma de referir-se ao povo de Israel em seu conjunto. Veja a discussão em Cânticos do servo sofredor.11
Terceiro Isaías
Os capítulos 56 a 66 são atribuídos ao Terceiro Isaías ou Trito-Isaías.10 Apresentam uma coleção de profecias que procuram estimular a comunidade que veio do Exílio na Babilônia e se reuniu em Jerusalém com os que estavam dispersos. Condena os abusos que começam de novo a aparecer e mostra qual é o verdadeiro jejum (58,1-12) necessário para que haja novos céus e nova terra.6
O Terceiro Isaías não é um autor único, esta parte é uma coletânea diversificada: o Salmo de 63:7-64:11 parece anterior ao fim do Exílio na Babilônia, enquanto que a profecia de 66:1-4 é contemporâneo da reconstrução do Templo, aproximadamente em 520 AC, os caps. 60 a 62 aparentam-se com o Segundo Isaías, os caps 56-59 devem datar do séc. V AC, os caps. 65 e 66, com exceção de 66:1-4, poderiam datar da época grega ou da época imediatamente posterior ao Exílio.
Propósito e conteúdo
O livro do profeta Isaías aborda os seguintes conceitos:
• Javé é o único deus verdadeiro
• Javé mostra sua soberania no castigo e livramento do povo da aliança
• Javé é um deus que não admite comparação
Isaías poderia ser considerado também um profeta pré-clássico, pois servia de conselheiro para o rei, tal como os profetas clássicos eram. Todavia, ele é considerado um profeta clássico, pois sua mensagem tinha as características da profecia clássica, tais como:
• acusação contra o povo
• promessa de exílio
• castigo divino
• cumprimento da aliança
• esperança para o futuro
Dentro desta abordagem clássica os temas que mais se destacam em Isaías são:
Nomes dos filhos como sinais
Nos capítulos 7 a 9 temos 4 nomes de filhos que representam também um significado dentro do programa divino para o povo de Israel na história, conforme tabela abaixo:
Nome Significado Referência
Sear-Jesube Um remanescente voltará 7:3
Maher-Shalal-Hash-Baz Rapidamente até os despojos, agilmente até a pilhagem 8:1-3
Emanuel Deus conosco 7:14; 8:8-10
— — 9:6
O Servo Sofredor
Isaías menciona um Servo, que executará os planos divinos para a nação de Israel. O Servo está descrito nas seguintes passagens: 42:1-7; 49:1-9; 50:4-11 e 52:13. Israel, em algumas oportunidades é chamado de servo de Deus (41:8; 44:1) e Ciro também assume um papel importante no livramento de Israel, entretanto, as características atribuídas ao Servo vai além do que se diz sobe Israel ou Ciro. As funções do Servo, descritas por Isaías, estão muito próximas ao que se diz sobre o futuro rei davídico em outros trechos do livro (cap. 11 e 55:3-5). Embora Isaías não diga que o Servo seja explicitamente o Messias os escritores do NT interpreta a profecia desta maneira.
O Santo de Israel
Este é o título que Isaías mais utiliza para referir-se a Javé. Ele não o faz apenas para ressaltar a santidade de Deus, mas também para demonstrar a fatalidade das ofensas feitas por Israel a Javé. Desta forma, Isaías demonstra que os julgamentos apontam para a reconciliação entre Javé e Israel promovida pelo Servo graças ao seu amor por seu nome (43:22-28).
Redentor
Isaías ressalta Javé como Redentor de Israel mais de dez vezes, todas entre os capítulos 40 a 66, ou seja, na parte exílica e pós-exílica do livro. Isaías fala desta característica como uma ação já realizada seguindo o padrão literário encontrado nesta seção dos seus escritos.
Escatologia
A escatologia é o estudo da parte final do programa histórico de Deus. A ênfase deste estudo em Isaías está no Reino de Deus, isto é, o futuro de Israel, centrado em Jerusalém. Neste Reino a paz e prosperidade são abundantes e todos irão a Jerusalém para ter conhecimento. Um descendente de Jessé estará no governo, mas o assunto não é tão explorado em Isaías, pois a ênfase está no governo de Javé e o aspecto do monoteísmo absoluto realçado por Isaías, antes mesmo do cativeiro babilônico. (24:23; 33:22;43:15; 44:6)
Estrutura de Isaías
Os oráculos de Isaías podem ser agrupados da seguinte maneira:
1 Julgamento com Promessa – 1 a 39
1 Acusação – 1 a 5
2 Chamado de Isaías – 6
3 Período assírio – 7 a 39
1 Assíria: castigo e renovo – 7 a 12
2 Sentenças contra as nações – 13 a 23
3 Oráculos apocalípticos contra as nações – 24 a 27
4 Sentença e salvação de Jerusalém – 28 a 35
5 Crise assíria e transição para período babilônico – 36 a 39
2 Consolo com julgamento – 40 a 66
1 Oráculos sobre a restauração do exílio e julgamento da Babilônia – 40 a 48
2 O consolo do Servo de Javé – 49 a 55
3 A justiça e as transgressões das nações – 56 a 59
4 A glória pós-exílica – 60 a 66
Fonte:
Bíblias de estudo NVI / Bíblia King James / Bíblia Shedd / Bíblia Thompson / Bíblia de Estudo de Genebra / Bíblia Plenitude – SBB; Wikipédia / Diversos “Internet”.
Escola Bíblica Dominical
Igreja Batista Getsêmani – Missão Bernardo Monteiro
Pr. Ronny Souza
Tel.: (31) 8682-9332 / 9299-8056
email: ronisouza2003@gmail.com
Follow us: @ronnysouza on Twitter | ronnysouza.37 on Facebook
Este e outros estudos você encontra no endereço abaixo:
Blog.: http://www.vivendoemplenitude.blogspot.com.br/
Ministério “Abençoando vidas”
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Medite

Que tipo de fruto você tem produzido?
Nenhum comentário:
Postar um comentário